quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Evoluindo na Sapucaí e Regredindo como Espécie


Impressionante como a evolução ainda esta bem longe da nossa espécie. Em pleno século XXI ainda vemos acontecimentos onde só veríamos em séculos passados. Eu lamento muito como ser humano e gostaria que só fossem contadas em aulas de história. Estou falando de preconceito, que infelizmente ainda existe em muitos países e infelizmente no nosso também.

Vemos diversos tipos de preconceitos, entre eles o religioso, como o que culminou na morte dos cartunistas do Charlie Hebdo. Esse tipo de preconceito também assistimos de pertinho, na cidade de São Gonçalo, quando a antiga prefeita lavou as mãos na demolição da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, em Neves, berço da umbanda, religião 100% brasileira.

Sem dúvida, o preconceito mais comum é o racial. É incompreensível para minha cabeça saber que uma pessoa trata a outra com diferença, por apenas não ter a mesma cor da pele.   

Eu posso ter nome de gringo e ser branco como farinha de trigo, mas sou negro de alma e tenho muito orgulho de morar em um país onde a contribuição cultural desse povo foi enorme.

Existe um bairro em Niterói que essa contribuição cultural esta bem nítida. É o caso do Cubango, onde o próprio nome indica suas origens. No século XVIII com a proibição do comércio de escravos, Niterói se tornou um entreposto clandestino de venda de escravos que desembarcavam nas praias da região oceânica. Os traficantes usavam Niterói para fugir da fiscalização e faziam da região um lugar de preparo e engorda de escravos para posteriormente serem vendidos. Com isso o surgimento de alguns quilombos era inevitável, pois os traficantes não podiam chamar a atenção das autoridades da capital do império. E assim historiadores relatam o surgimento de um Quilombo no Morro do Cubango, onde a expressão está relacionada à província de “Cuando-Cubango”, onde se presume que esses escravos vieram dessa região da Angola.

Não há nada que represente mais as origens africanas do que o samba. Então no bairro onde aflorou a cultura negra em Niteroi, nasceu também uma popular escola de samba.

Com o fim do Império Serrão, a agremiação reduto dos sambistas das comunidades do bairro, um grupo de sambistas, dentre eles, Ney Ferreira e Carlinhos Manga-Espada criaram em 17 de dezembro de 1959 a escola de samba Acadêmicos do Cubango. Quatro anos depois, em 1964, fazia sua estreia no primeiro grupo do carnaval niteroiense conquistando o vice-campeonato com o enredo “Maurício de Nassau”. Seu primeiro título na elite do carnaval de Niterói foi em 1967 com o enredo “O Brasil pintado por Debret”. Daí por diante só deu a Cubango no carnaval de Niterói, foram sete títulos em dez disputados na década de 1970. Até que nos anos 80 a escola foi convidada para desfilar no Rio de Janeiro e no seu primeiro ano no desfile carioca, a Cubango foi campeã do grupo IV. Em 1992 com enredo “Negro que te quero negro” chegava ao grupo I.


Inauguração da quadra da escola - década de  60 
Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Inauguração da quadra da escola - década de  60 

Desfile na Amaral Peixoto - década de 70

Desfile na Amaral Peixoto - década de 70


Este ano, a Acadêmicos do Cubando desfilará no sábado de carnaval com o enredo “Cubango, a realeza africana de Niterói”. Contando um pouco da sua própria história.

Enquanto não evoluirmos como espécie estarei torcendo pela Acadêmicos do Cubango evoluir na avenida e fazer bonito na Sapucaí.


Alex Wölbert é colaborador do Blog do Vovozinho,  Blog  Tafulhar, da página Sim São gonçalo, e, também, cronista do Jornal DAKI. Considerado um dos maiores cronistas do Leste Fluminense, sobretudo, acerca da cidade de São Gonçalo-RJ. Faz parte do Projeto Recicla Leitores. Facebook: Alex Wölbert

Um comentário:

  1. Meu querido amigo e cronista Alex, eu discordo em algumas coisas colocadas, mais nem todas, aliás eu sou oriundo do Morro do Bumba, Meu Pai foi presidente do Bloco Carnavalesco Bugres do Cubango, e tinha uma penetração e conhecimento do Carnaval Niteroiense, meu cunhado depois então: Corações Unidos, entre outras escolas... Só para discordar! Abraços!

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