sábado, 7 de março de 2015

Jornalista Jairo Mendes, nome de Rua em Itaipú

(Texto de Agliberto Mendes, e Arte de Agência Papa Goiaba)


      Me lembro de Jairo Mendes,  preso político perseguido e torturado, de  quando trabalhava no jornal Última Hora e era presidente do Sindicato de Jornalistas de Niterói e São Gonçalo. A redação do jornal ficava na Rua São Pedro, no centro, e nós morávamos na Rua Barão do Amazonas, próximo do seu trabalho.

     Às vezes, Jairo, meu, pai saía de casa, com destino à redação ou a outro lugar, então, em alguma esquina, um conhecido lhe abordava e começavam a conversar. Chegava uma terceira pessoa e, até mesmo uma quarta e formava-se uma “rodinha” de bate papo, quase sempre na Avenida Amaral Peixoto, principal via central da cidade. Os assuntos eram sempre Sindicalismo, Política e Imprensa.

     No sindicato, lutou por melhorias para a sua classe, inclusive conseguiu financiamento público para aquisição de casas próprias para vários profissionais de imprensa e veio a falecer, pobre, doente e morando em casa alugada, no bairro do Galo Branco.

     Após 1968, na época da repressão violenta, eu, com mais ou menos 16 anos, ouvi o único comentário dele, sobre a vida lá, dentro da cadeia. Meu pai disse que o preso novo, aquele que chega, precisa “levantar a moral” do companheiro, que está ali, humilhado e fragilizado. Nesses momentos, a mentira é a maior benção que se pode dar a um ser humano: dizer que aqui fora, estava tudo ótimo, a sociedade revoltada, a ditadura enfraquecida ia cair a qualquer momento e todos voltariam para suas casas, em muitos breves dias e estariam com os seus familiares.

     Foi um tempo de verdadeiros guerreiros e não os “guerreiros de causas próprias”, dos dias de hoje.

Sobre o autor:
Agliberto Mendes é editor do Blog do Vovozinho,  da Página do Facebook Registro Geral,  Cronista do Nosso Jornal, do  jornal  DAKI-SG , também atua como debatedor nos programas "Bom dia SG", da TV Ponto de Vista e "Sua Cidade Seus Valores", da Rádio Fluminense, 540 AM. Facebook: Agliberto Mendes


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