sábado, 8 de novembro de 2014

Bairro do Gradim, a pesca, o porto e a história

(Foto das casas de pescadores nas proximidades da fábrica de conservas de sardinhas Rubi / Bairro Gradim / IBGE)
(Acervo dos trabalhos de campo de Pedro Pinchas Geiger e Tibor Jablonsky) 


Na década de 30, no contexto da urbanização do Rio de Janeiro, surge a fábrica de sardinhas Conservas Rubi SA, inaugurada em 1934, no
Gradim - São Gonçalo - RJ, o que incentivou a atividade pesqueira e trouxe consigo a possibilidade de emprego formal e informal na área.

A origem do bairro Gradim remonta ao início da história do município. Seu porto era o mais concorrido, devido à grande presença de barcos pesqueiros que ali atracavam para deixar a pesca.

As indústrias de enlatados de peixe em conservas já contribuíram em grande percentual para a economia Gonçalense. De acordo com BRAGA (2006), São Gonçalo chegou a ser o 2º município a contribuir com remessas de peixes para o entreposto de pesca da cidade do Rio de Janeiro tendo a frente apenas Cabo Frio. Embora tenham sido a maior fonte de reserva financeira, poucas das suas indústrias pesqueiras foram consideradas de grande porte. Das muitas indústrias de conservas de peixes destacaram-se: Rubi, Piracema, União, Galo, Pescado, Netuno, Ondina, Orleans, todas situadas nos bairros Gradim e Neves. A Coqueiro foi a única inaugurada em Porto Velho 1937. 


 A ocupação do espaço do entorno da fábrica Rubi, que viria a ser reconhecido pela sua forma, como Favela do Gato, iniciou-se aproximadamente dois anos depois da inauguração, por volta de 1936. O primeiro morador da área foi o senhor Valdemar Francisco de Almeida (1900 - 1989), de descendência portuguesa, foi movido pela possibilidade de exercer a atividade pesqueira para sustento de sua família, atividade na qual ele foi relativamente bem sucedido, pois a comercialização do pescado era feita diretamente com a fábrica. Acredita-se que a origem do nome Favela do Gato tenha relação com típicos “Gatos de Luz”. A área em questão abriga uma comunidade popular e tradicional, ao mesmo tempo exerce uma função residencial, que, muitas vezes é alvo de preconceitos, pela sua forma, ou pelo processo de ocupação irregular, sendo desconsiderada politicamente pelo processo histórico da comunidade.

Até os dias de hoje a invisibilidade do pescador, que apesar de exercer uma importante atividade que alimenta a mesa de milhões de brasileiros, ainda enfrenta problemas de reconhecimento e de legitimidade.

De acordo com a Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj), 60 mil pessoas ainda vivem da pesca artesanal no Estado do Rio. Esses pescadores têm participação fundamental nas quase 70 mil toneladas de pescados que o Estado fornece por ano, algo em torno de 13% da produção nacional. Com 635 Km de costa, é o terceiro maior produtor do Brasil, atrás apenas do Pará e de Santa Catarina.



(A COMUNIDADE PESQUEIRA DO GRADIM NO CONTEXTO DA
DESVALORIZAÇÃO DA ATIVIDADE PESQUEIRA
Jamylle de Almeida Ferreira
Laboratório de Estudos Metropolitanos - LEME
FFP/UERJ)


Postado, originalmente, na página São Gonçalo Antigo

4 comentários:

  1. É muito bom saber os fatos históricos da nossa cidade,isto mostra como é viva e constante e que ainda temos muito que conhecer a respeito da vida cotidiana dos cidadãos gonçalenses para nos prepararmos para um futuro melhor e mais promissor!!!

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    1. Folha de Ipiiba, São Gonçalo é rica em história, grato,abcs.

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  2. Muito grato, leitor, pela gentileza do elogio. É importante lembrar que esse texto foi postado, originariamente, na página São Gonçalo Antigo, cujo link está disponível, ao final da matéria. Forte abraço.

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