(Arte Final, Blog Tafulhar) |
O Nosso entrevistado de hoje é nada mais nada menos que Romario Regis – pai de Matheus, tio de Nathan e irmão de Clayton – colaborador sênior da equipe da Agência PapaGoiaba, empreendedor da Red Bull Amaphiko, Flamenguista e apaixonado pela cidade de São Gonçalo.
NJ: A política é algo completamente desimportante, e , o que vale mesmo é a cultura?
RR: Eu acho que a cultura é mais importante do que a política, sim. Porque a cultura consegue, talvez, englobar mais subjetividade da pessoa, do que a própria relação política. Então eu continuo achando que a cultura é mais importante do que a política, mas não que a política não tenha a sua importância.
NJ: O que move Romário Regis?
RR: Na verdade, eu comecei a militar na comunicação porque as meninas bonitas da minha escola estavam no jornal comunitário. A partir daí, me interessei por comunicação e comecei a entender que o jornal e a visibilidade podiam caminhar juntos. Então, até os meus 18 anos, eu entendia a comunicação mais por uma questão de visibilidade e popularidade. Ao entrar na Universidade, aos 19 anos, entendi então, que existe uma causa maior, que é a questão de política pública, que é uma questão do Estado. Então foi uma trajetória de entender a importância da cidade, da política, pra poder contribuir pra minha vida, pros que estavam próximos de mim, da minha vida e, naturalmente, para o desenvolvimento local. Então, o que me move é muito etéreo, mas entendo que tem coisas que são fundamentais para a minha vida, como, por exemplo, não ser obrigado a trabalhar na cidade do Rio, poder estar, às duas horas da tarde, em minha cidade, fazendo outra coisa que não seja estar dentro de um escritório, ocupado com algo que não me agrade. Eu tenho liberdade de criação e formação e, mais importante do que isso, posso ver o meu filho Matheus jogando bola, na segunda e na quarta feira. Meu pai nunca conseguiu me ver jogando bola.
NJ: E como é a sua relação com São Gonçalo?
RR: Os meus amigos moram aqui, a minha história é aqui, eu gosto da cidade, eu sempre falei que, se São Paulo acabasse, eu não teria problema algum. Mas se acabasse São Gonçalo, haveria um grande problema, pois toda a minha história foi construída aqui. Defender esse território não é apenas defender a cidade, mas, sim, defender a minha história também, que se confunde com o território. Então, por isso, talvez, eu milite tanto pela cidade.
NJ: Em 2008, vc. se tornou o conselheiro de cultura mais jovem do Brasil. O Romário Régis mais idoso vai continuar falando para os jovens ou vai envelhecer, caminhando junto com os seus seguidores atuais?
RR: Eu acho que, ao envelhecer, vou me tornar um super chato, então, o meu desafio hoje, o que eu tento fazer, é me tornar velho, o mais tarde possível. Eu circulo por diversos lugares, no meio de jovens, o que me permite não envelhecer rapidamente, e, também, conto com a ajuda de um sobrinho de 13 anos que me ajuda a permanecer jovem, por mais tempo. Mas sei lá, de repente, a pauta muda. Hoje eu trabalho com juventude e cultura, mas não sei se amanhã, vou estar fazendo isso.
NJ: Vc. acha que a juventude é capaz de produzir as transformações necessárias, em nossa sociedade, sem a participação dos adultos?
RR: Política é contradição, sem contradição, você não consegue avançar. Como diz um amigo meu, “a criação de novas igualdades só acontece quando os diferentes conseguem discutir”. Enquanto os jovens acharem que, somente enquanto jovens podem fazer transformações, e os adultos acharem que somente eles podem fazer, a gente não consegue avançar muito não. Então eu penso, que a contradição entre jovens e adultos pode contribuir para avançarmos em algumas questões, mesmo “rolando” muito conflito.
NJ: Um orgulho e um sonho de Romário Régis?
RR: Eu tenho orgulho de, hoje, tudo o que eu ganhei em minha vida, minha cama, meu fogão, tudo isso é um grande orgulho que tenho, pagar as minhas contas com o resultado das coisas que mais gosto de fazer. E o meu filho Matheus, que acabou, também, arejando a minha cabeça, para eu ter um pouco mais de paciência, pois eu era uma pessoa muito impaciente.
Agora, o que eu mais desejo é ter saúde pra continuar abrindo esse campo, acho que estou tentando derrubar esse mato alto, que está em algumas áreas nas quais atuo e que eu posso, de repente, contribuir para que outros me sigam e criem os atalhos.
(texto postado, originalmente, em Nosso Jornal) |
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