Um
cônsul sueco aqui
Jorge
Cesar Pereira Nunes
Personagem importante na História do Brasil foi o
primeiro cônsul sueco no nosso país, Lourenço Westin, que durante longo tempo
foi foreiro de terras na Fazenda Engenho Novo do Retiro, pertencente a Belarmino
Ricardo de Siqueira (então futuro Barão de São Gonçalo) e de que hoje (2016)
resta de pé apenas uma parede.
Nascido em Västeras (ou Estocolmo, como gostava de
afirmar), Suécia, em 22 de fevereiro de 1787, Lorentz (depois aportuguesado
para Lourenço) Westin era filho de Johan Jansson Sênior Westin (1751/1828) e de
Isabela Nordling (1753/1804). Aos 16 anos de idade (1803), Lourenço viajou por
toda a Europa e foi à China, a serviço da firma inglesa Mayne& Brown. Ficou
órfão de mãe no ano seguinte e, aos 20 anos (1807), ingressou na representação
diplomática sueca, tendo sido designado para atuar em Lisboa, Portugal, onde
conheceu os brasileiros Diogo Antônio Feijó, José Bonifácio de Andrada e Silva
e Felipe Néri de Carvalho (que viriam a ser figuras de destaque na
Independência do Brasil).
Com a vinda da corte portuguesa para o Brasil
(pressionada que estava pela iminente invasão de Portugal pelas tropas
francesas de Napoleão, conforme veio a ocorrer), e dada a amizade que já estabelecera
com vários brasileiros, Lourenço Westin conseguiu, graças à influência de seu
pai, Johan Westin, então deputado sueco, ser transferido para o Rio de Janeiro,
na condição de cônsul de seu país natal.
Seu sonho era tornar-se fazendeiro, mas o máximo que
conseguiu foi arrendar parte das terras da Fazenda Engenho Novo do Retiro, em
Cordeiros, então distrito de Niterói (e hoje de São Gonçalo, sem o “s” final),
onde não apenas plantou várias árvores frutíferas, como passou a produzir
excelente vinho de caju, qualidade atestada pelo médico S. Álvaro de Castro, em
1863,ao abordar, em artigo jornalístico, as vantagens para a saúde humana de
algumas bebidas “espirituosas”, como então eram chamadas as bebidas alcoólicas.
Westin, havendo se tornado foreiro de Belarmino Ricardo
de Siqueira (futuro Barão de São Gonçalo) e pelas ligações de amizade entre
eles, veio a participar da criação da Loja Maçônica Distintiva, em 1812, em São
Gonçalo, e atuou em favor da Independência do Brasil, em 1822, tendo prestigiado
a instalação da primeira administração do Grande Oriente do Brasil, ocorrida no
bairro de São Lourenço, em Niterói, em 24 de junho daquele ano. Embora não
fizesse parte da diretoria, o ato serviu para Loureço conhecer pessoalmente o
Grão Mestre Adjunto, Joaquim Gonçalves Ledo (1781/1847), nascido e falecido em
sua Fazenda Macuco, em Cachoeiras de Macacu, que viria a ser deputado geral
(federal) pelo Rio de Janeiro.
Instalado o Império, um dos primeiros perseguidos pela
nova ordem institucional foi exatamente Joaquim Gonçalves Ledo que, além de sua
fazenda em Cachoeiras de Macacu, tinha uma chácara na cidade do Rio de Janeiro.
Ambos os lugares, no entanto, não o livrariam de uma prisão, razão pela qual
Gonçalves Ledo acoitou-se na fazenda Engenho Novo do Retiro, de Belarmino
Siqueira, e este o aproximou ainda mais de Westin, que usou de suas influências
diplomáticas para garantir a fuga, incólume, de Ledo para a Argentina,
embarcando em um navio na Baia de Guanabara.
Lourenço Westin só teve uma retaliação: cônsul perante a
corte portuguesa, demorou mais de três anos para ter sua missão reconhecida no
novo país, Brasil, por Pedro I, que apenas em 14 de abril de 1826 lhe concedeu
audiência, para receber as suas credenciais de encarregado
de negócios pela Suécia. Porém, Westin reconstruiu seu relacionamento com os
novos governantes, a ponto de, em março de 1832, o próprio imperador o colocar
na comissão que então criara para organizar o primeiro Código Mercantil do
Brasil.
Neste mesmo ano, aos 45 anos de idade, Westin fez-se
retratar em quadro a óleo e, encerrados os trabalhos de organização do Código
Comercial, pôde finalmente realizar seu sonho: encerrou seu contrato com
Belarmino Siqueira, adquiriu a Fazenda Jardim, no atual município de Poço
Fundo, em Minas Gerais, e para lá se transferiu. Ali faleceu em primeiro de
julho de 1846, aos 59 anos de idade, sendo sepultado no alto de uma das colinas
preferidas de suas terras, onde ainda hoje (2016) está lápide com a seguinte
inscrição: “Aqui jaz Lourenço Westin. Nasceu em Stockolmo a 22 de fevereiro de
1787. Faleceu no dia 1º de julho de 1846. Foi o primeiro Cônsul da Suécia e
Noruega no Brazil”.
A criação de municípios no Estado do Rio de Janeiro;
Chefes de Executivo e Vice-Prefeitos de São Gonçalo;
Dirigentes Gonçalenses - Perfis;
Crônicas Históricas Gonçalenses I e II.
Jorge Cesar Pereira Nunes é Bacharel em Direito, Jornalista e Pesquisador da História de São Gonçalo.
É, também, autor das seguintes obras:A criação de municípios no Estado do Rio de Janeiro;
Chefes de Executivo e Vice-Prefeitos de São Gonçalo;
Dirigentes Gonçalenses - Perfis;
Crônicas Históricas Gonçalenses I e II.
Fontes:
Olivar,
Júlio, “O Mistério do Cônsul – A história de Lourenço Westin”, Gráfica e
Editora Papiro, Vilhena (Rondônia), p. 81.
Soares, Emanuel de Macedo, “As
Ruas Contam Seus Nomes”, p. 465 e 466.
Mensagem Maçônica, de
11-08-1919, Comemorativa ao Centenário da Instalação da Vila Real da Praia
Grande.
O Spectador Brasileiro, 14-04-1826, p. 4.
Correio Mercantil, 26-03-1832,
p. 1; e 15-11-1863, p. 2.
Correio da Manhã, 24-10-1920,
p. 2.
A IllustraçãoBrazileira,
16-12-1920, p. 134.
A Noite, 18-08-1925, p. 1.
Tá largado o túmulo do consul... recentemente visitei Poço Fundo e fui visitar o túmulo de Lourenço Westin... É pela minha surpresa... Vi um local abandonado. Vergonhosa administração de Poço Fundo... Não reconhecer um cidadão tão ilustre.
ResponderExcluirParabéns, Jorge! Um resumo perfeito da vida desse nosso antepassado, inclusive com informações novas para mim. Estive em Caldas MG mês passado, local de onde a família Westin praticamente teve início e também para conhecer o famoso quadro exposto na Igreja Matriz, que é um dos patrimônios tombados da cidade. Pintado pelo artista sueco Frederick Westin (Estocolmo 1782-1862), foi doado para a matriz por seus herdeiros. A obra representa o momento em que o Anjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que ela seria mãe de Jesus Cristo. Um fragmento da história interessante e muito valorizado pelos abitantes locais. Com a sua licença, vou divulgar esse resumo tão bem feito aos meus parentes e conhecidos. Abraço, Alencar Alberto da Silva Westin. 06/08/2018
ResponderExcluirInfelismente só se conta o pouco que esse ''ilustre'' estrangeiro fez de bom aqui, mas os podres não tocam no assunto, tipo ele ter uma maquina de falsificar dinheiro, e ele ter dado golpes no governo brasileiro, outras historias contam que ele forjou a propria morte pra não ser preso, enfim, até dizem que ele não está enterrado la, mas são só aguas passadas né???
ResponderExcluirInfelismente só se conta o pouco que esse ''ilustre'' estrangeiro fez de bom aqui, mas os podres não tocam no assunto, tipo ele ter uma maquina de falsificar dinheiro, e ele ter dado golpes no governo brasileiro, outras historias contam que ele forjou a propria morte pra não ser preso, enfim, até dizem que ele não está enterrado la, mas são só aguas passadas né???
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