É interessante a capacidade que as sensações têm em nos levar a momentos
no passado como se estivéssemos dentro de um livro de J.J.Benitez. Quem nunca
viajou ao passado ouvindo uma música que adornou a sua juventude. Eu mesmo quando
ouço “Say you, Say me” na voz de Lionel
Richie me transporto para o ginásio do Saquarema F.C em um sábado desses de um
verão da década de 80 onde religiosamente rolava o bailinho semanal. Lá estava
eu com o cabelinho cortadinho no meio, uma de minhas blusas de botão chamativa
da Pier para fora da calça tentando arrastar uma mina para salão e dançar
coladinho. É claro que também na expectativa
de dar uns beijos, mas com a minha timidez ficava eu rodando que nem peru tonto
sem coragem para chamar para dançar e muito menos para roubar-lhe um beijo.
Mas mesmo sem beijo e sem dança na minha viagem no tempo através dessa incrível
sensação me sinto bem. Feliz por ter vivido aquele momento.
E o olfato? Essa também é uma incrível sensação que nos faz viajar. Mas nenhuma das sensações me faz mais viajar ao passado do que o paladar. Alguns “mui-amigos” diriam - Também com esse peso, tinha que ser. Nem ai para intriga da oposição, o paladar é sem duvida como no filme “De Volta Para o Futuro” o DeLorean das sensações. Ontem mesmo participando pelo Projeto Recicla Leitores do 4º Salão da Leitura de Niterói chegou àquela hora de dar uma paradinha para descansar e botar alguma coisa pra dentro para aguentar até as 22 horas. Na praça de alimentação tinha um crepe que estava acenando para mim e gritando para que eu o devorasse, mas meus olhos bateram em um carrinho de cachorro-quente com uma logomarca tão familiar pra mim que não tive dúvida, tinha que ser ele. Aquele hot-dog estava me esperando para ser o comandante da minha viajem ao passado quando com a minha família íamos ao Maracanã assistir jogos de futebol ou ver Papai Noel (não riam). Quase sempre era em clássicos entre Flamengo e Vasco, onde a família se dividia entre torcedores do Flamengo, minha mãe e meu irmão e do Vasco, eu e meu pai. Mas todos juntos, em uma parte da arquibancada onde conseguíamos torcer sem que tivesse confusão. Tempo bom onde torcedores se respeitavam e as suas diferenças entre torcer por seu clube do coração não faziam de você um inimigo para o outro. Voltando a minha viajem, independente de quem estava ganhando ou quem estava perdendo, o intervalo era sagrado. Tinha que ter cachorro-quente Geneal.
E o olfato? Essa também é uma incrível sensação que nos faz viajar. Mas nenhuma das sensações me faz mais viajar ao passado do que o paladar. Alguns “mui-amigos” diriam - Também com esse peso, tinha que ser. Nem ai para intriga da oposição, o paladar é sem duvida como no filme “De Volta Para o Futuro” o DeLorean das sensações. Ontem mesmo participando pelo Projeto Recicla Leitores do 4º Salão da Leitura de Niterói chegou àquela hora de dar uma paradinha para descansar e botar alguma coisa pra dentro para aguentar até as 22 horas. Na praça de alimentação tinha um crepe que estava acenando para mim e gritando para que eu o devorasse, mas meus olhos bateram em um carrinho de cachorro-quente com uma logomarca tão familiar pra mim que não tive dúvida, tinha que ser ele. Aquele hot-dog estava me esperando para ser o comandante da minha viajem ao passado quando com a minha família íamos ao Maracanã assistir jogos de futebol ou ver Papai Noel (não riam). Quase sempre era em clássicos entre Flamengo e Vasco, onde a família se dividia entre torcedores do Flamengo, minha mãe e meu irmão e do Vasco, eu e meu pai. Mas todos juntos, em uma parte da arquibancada onde conseguíamos torcer sem que tivesse confusão. Tempo bom onde torcedores se respeitavam e as suas diferenças entre torcer por seu clube do coração não faziam de você um inimigo para o outro. Voltando a minha viajem, independente de quem estava ganhando ou quem estava perdendo, o intervalo era sagrado. Tinha que ter cachorro-quente Geneal.
Geneal, a responsável pela minha doce viagem ao passado com sabor de
hot-dog tem meio século. Tudo começou em 1963 quando Aluisio Neiva um homem com
tino para negocio viu a oportunidade de criar um lanche rápido para atender
pontos da cidade com grande movimento, como festival de música, maracanã e
praia.
O negócio deu tão certo que carrocinhas da marca se espalharam por todo o
rio e a empresa ainda adicionou ao menu um lanche chamado de Tico e Teco, um
pão de forma pasta de presunto e ovo e o cliente ainda escolhia para acompanhar
a bebida famosa “Laranjinha ou Uvinha” -Aquele suco de fruta que vinha em uma
garrafinha plástica.
Nos anos 80 o cachorro-quente também fez muito sucesso entre a juventude
amante do rock que frequentavam do Circo Voador.
Como toda marca que começa despontar é assediada por tubarões. A gigante
Brahma impulsionada pelo sucesso de seus refrescos exclusivos e sua presença
marcante no Maraca compra a empresa, mas logo depois descontinua a marca. A
Geneal fica sumida no mercado até ser vendida para o Posto Val que incorpora a
marca as suas lojas de conveniência. E também não demora muito para outra vez sumir
do mercado quando o Posto Val foi comprado pela Repsol.
Foi ai que um ex- funcionário do Posto Val,
surfista, frequentador de jogos no Maraca e fã de carteirinha do cachorro-quente
Geneal, viu uma grande oportunidade de negocio e ao mesmo tempo resgatar a
marca em seus moldes originais. O
engenheiro Dimas Corrêa Filho fez acender a marca Geneal depois de quase dez
anos fora do mercado e hoje o cachorro-quente está nos principais shoppings da
cidade, eventos como Fashion Rio e Rock in Rio e para alegria dos futebolistas
de plantão ela votou ao Maracanã. A empresa ainda quer voltar no mercado com o
sanduba Tico e Teco e para garantir que a receita seja igualzinha da época
contrataram um antigo funcionário.
É meu amigo leitor de tanto falar de comida, foi abrindo o apetite e
batendo aquela fome de comer um boi inteiro e por certo momento, me questiono o
motivo de ter trocado aquele simpático crepe recheado ou mesmo aquele X-TUDÃO
com tudo dentro por aquele simples pão com salsicha e molho de mostarda. Fecho
os meus olhos me concentro e não deixo a fome me abater e volto à razão. É
claro Alex que você fez a escolha certa, pois não estava simplesmente matando a
sua fome e sim desfrutando de uma viagem maravilhosa ao passado melhor do que
muito pacote de viagem com hotel 5 estrelas, café da manhã, almoço e jantar.
Será que viajei na maionese?
Sobre o autor:
Alex Wölbert é colaborador do Blog do Vovozinho, também do Blog do Tafulhar Considerado um dos maiores cronistas do Leste Fluminense, sobretudo, acerca da cidade de São Gonçalo-RJ. Faz parte do Projeto Recicla Leitores. Facebook: Alex Wölbert |
Realmente, Alex. Como tem coisa boa que a gente vê passar. Eu me lembro de uma lanchonete no Plaza especialista em pão de batata. O que mais deixa saudade eram as mesinhas em forma de trenzinho, onde eu esperava pacientemente o vagão principal desocupar para sentar e comer, junto com meu irmão e minha mãe.
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