quinta-feira, 21 de agosto de 2014

O estuprador de colarinho branco

Texto de Agliberto Mendes *

O ex-médico Roger Abdelmassih é conduzido por policiais civis após chegar no Aeroporto de Congonhas, na zona
 sul
 de São Paulo - William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress

O médico Roger Abdelmassih, de 70 anos, um dos fugitivos mais procurados do país, condenado a 278 anos de prisão, foi preso na tarde desta terça-feira na cidade de Assunção, capital do Paraguai. Segundo o Ministério da Justiça, o médico foi detido em uma operação conjunta da Polícia Federal com a Secretaria Nacional Antidrogas paraguaia.

Esse homem foi investigado e processado no ano de 2009, acusado de praticar 52 estupros, entre os anos de 1995 a 2008, contra 39 mulheres, pacientes de sua clínica, a mais conceituada, no país, em fertilização e reprodução assistida, localizada em um bairro nobre da capital paulista.

(foto raizasas.blogspot.com)

Em um país sem condições de atendimento na área de saúde, entidades representativas dos médicos gastam parte de seu tempo perseguindo parteiras e doulas, na tentativa de colocar essas profissionais na ilegalidade.
Entretanto, não demonstram a mesma preocupação e energia ao lidar com estupradores seus associados.
Vejam as declarações de uma das vítimas, que, através do estupro, foi infeccionada, perdeu duas trompas, parte do ovário e se tornou infértil e obesa. Chegou a pesar mais de cem quilos e com síndrome do pânico. Ficou enclausurada, sem sair de sua casa, por mais de dois anos.

"Quando comecei o tratamento ele me elogiava demais, dizia que eu era bonita, mas não interpretei aquilo como um sinal, só achei estranho. Fiz três sessões. Na primeira não notei nada mas na última acordei com ele em cima de mim. Quando percebi, tinha um sangramento no ânus. Estava meio zonza por causa da anestesia mas consegui tirá-lo de cima. No mesmo dia fui à delegacia e também fiz o exame de corpo de delito. Tenho até hoje o protocolo amarelado do exame e do boletim de ocorrência. Fui com esses papéis ao Conselho Regional de Medicina e fiz minha denúncia. Mas ele era muito conhecido e nada andou".

Foto blogdacomunicação.com.br

Abdelmassih chegou a ficar preso por quatro meses, em 2009, mas foi solto por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). Além da gravidade das acusações, o médico Roger é filho de Libaneses, cuja pátria não tem acordo de extradição com o Brasil. Mesmo assim, foi posto em liberdade e claro, fugiu.

Foto blogodorium.com.br

Na verdade, até mesmo um cachorro pequinês, sabedor de estar apenado a  mais de 200 anos fugiria, se uma única chance lhe fosse dada. E essa oportunidade foi concedida ao médico Roger.

Vanuzia Leite Lopes, 54, uma das vítimas do dr. Roger Abdelmassih (Jefferson Coppola/VEJA)            


Em 2011, ano em que Roger fugiu, a estilista Vanuzia Lopes cria a associação “Vítimas de Roger Abdelmassih”, que passou a dar assistência a mulheres anônimas que não podiam aparecer em público.
Mas a maior missão da Associação foi tentar localizar o criminoso em qualquer lugar do mundo.
Pelo menos essa chegou ao fim.

(texto baseado em conteúdo de Revista Veja)

Sobre o autor:

Agliberto Mendes é editor do Blog do Vovozinho,  da Página do Facebook Registro Geral,  Cronista do Nosso Jornal, da Folha Nativa e também atua como debatedor nos programas "Bom dia SG", da TV Ponto de Vista e "Sua Cidade Seus Valores", da Rádio Fluminense, 540 AM. Facebook: Agliberto Mendes

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