(Texto de Matheus Guimarães)
Nas
eleições de 2014, se São Gonçalo fosse um partido, teria eleito apenas
dois deputados estaduais, Nivaldo Mulim, irmão do então prefeito Neilton
e José Luiz Nanci, atual prefeito da cidade. Naquele momento, nenhum
deputado federal havia sido eleito, pois Dejorge Patrício assumiria
somente em 2017, já que era o primeiro suplente de seu partido. Em
contrapartida, a bancada niteroiense em 2014 foi de três deputados
estaduais (Waldeck, Comte e Flavio Serafini) e dois deputados federais
(Chico D’Angelo e Sergio Zveiter). Vale lembrar que nossos vizinhos
possuem cerca de metade do total de nossos eleitores, 680 mil
gonçalenses contra 370 mil niteroienses em 2016.
Mas
porque isso acontece? A partir daqui, o texto torna-se meramente
intuitivo, baseado na vivência do cotidiano. Dentre os dez mais votados
para deputado estadual em Niterói, conseguimos encontrar quatro
“forasteiros” — e coloco a palavra entre aspas porque não há problema
algum em escolher um candidato cuja base eleitoral não seja a mesma que a
sua, porém, tendo ciência que isso diminui o poder político do seu
município junto a outras esferas — , mesmo cenário das urnas
gonçalenses. No pleito para deputado federal, nossos mais votados
tiveram a presença de três “forasteiros”, enquanto Niterói foi
inversamente proporcional, com sete moradores do “lado de lá da poça”.
Pois então, porque um cenário tão desfavorável para São Gonçalo
permanece?
Já
deu pra perceber que o “problema” não está no eleitor, não é? Não somos
nós, gonçalenses, que estamos elegendo os “forasteiros”, mas os
candidatos gonçalenses é que não estão se elegendo. Talvez, a resposta
esteja justamente fora da nossa cidade. Nossos atores políticos tem
extrema dificuldades em construir pontes com grupos de outros
municípios. Vejamos um exemplo: Waldeck foi o candidato mais votado em
Niterói, porém o peso dos eleitores niteroienses em sua votação foi de
“apenas” 58%. O vice prefeito Comte, foi reeleito em 2014 com 38% dos
seus votos vindo das urnas niteroienses.
No
caso das figuras gonçalenses os números se invertem: a média da
proporção dos votos gonçalenses chega a 70%. Nanci (reeleito) e Graça
(não reeleita) por exemplo, superaram a casa de 80% de dependência dos
seus votos de gonçalenses. A proporção mais baixa foi a de Rafael do
Gordo, que chegou a 58% graças a uma dobrada com Pedro Paulo, que
impulsionou seu nome também para a capital.
No
cenário de deputado federal, o índice de dependência é ainda maior.
Enquanto a dependência de Chico D’Angelo e Sergio Zveiter não chegou a
40%, em nossos candidatos o índice mais uma vez ultrapassou os 80%.
É claro que o eleitorado gonçalense tem número suficiente para eleger dois estaduais e dois federais de forma autônoma, mas isso depende muito de uma articulação dos nossos grupos políticos, que sabemos, não são tão fáceis de compreender a importância disto. São Gonçalo é — ou pelo menos deveria ser — a cidade mais importante do Leste Fluminense, região que compreende além das duas cidades citadas, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito e Tanguá. É inadmissível, por exemplo, que nenhum gonçalense figure entre os dez mais votados de Itaboraí em ambas as listas.
É claro que o eleitorado gonçalense tem número suficiente para eleger dois estaduais e dois federais de forma autônoma, mas isso depende muito de uma articulação dos nossos grupos políticos, que sabemos, não são tão fáceis de compreender a importância disto. São Gonçalo é — ou pelo menos deveria ser — a cidade mais importante do Leste Fluminense, região que compreende além das duas cidades citadas, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito e Tanguá. É inadmissível, por exemplo, que nenhum gonçalense figure entre os dez mais votados de Itaboraí em ambas as listas.
Há
muito tempo que a sociedade gonçalense sofre pela falta de qualidade de
seus grupos políticos. Precisamos de novos grupos, com novos atores,
capazes de se articularem partidariamente, com o objetivo de serem
candidaturas competitivas, e também regionalmente, trazendo para si os
diversos grupos políticos do Leste, com diálogo e tendo como ponto
central o desenvolvimento de nossa região.
Com
esse texto, faço uma chamada aos atuais pré-candidatos: ampliem seus
horizontes! Tornem-se referências políticas regionais e visitem outros
territórios. Pelo motivo que for, os gonçalenses já estão com vocês.
Vão, e desbravem novas terras e desenvolvam sua capacidade de
articulação. SER O CANDIDATO DO PREFEITO NÃO TE FARÁ UM BOM CANDIDATO,
MUITO MENOS CRITICÁ-LO!
E
terminando, apelo aos eleitores gonçalenses: votem em nossos
candidatos. Estão longe de serem bons, eu sei, quiçá do ideal, mas são
reflexo da nossa realidade e podem muito bem servirem de ponte para uma
nova geração de políticos em nossa cidade.
Matheus Guimarães é formado em Produção Cultural. Licenciando em História, está se preparando para ser um futuro professor.
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