BAR NOSSO DE CADA DIA
(Texto de Zeca Pinheiro)
(Texto de Zeca Pinheiro)
Adega, bar, barraca, barzinho, birosca, boate,
bodega, boteco, botequim, cachaçaria, cantina, chopperia, casa noturna, casas
de show, clubes, galeto, lanchonete, mercearia, pub, pizzaria, quiosque, restaurante,
taberna, taverna, trattoria, trailer e, o famoso “pé sujo” o mais frequentado devido
a sua simplicidade, frequência maior da comunidade do seu entorno, como também
o preçinho camarada e o melhor de tudo a incrível diversidade de petiscos. Confesso
que é meu local preferido para beber minhas cervejas. Não importa a denominação
cada tem sua especialidade o importante é sentir-se bem seja onde estiver.
As denominações mais comuns e democráticas aqui no Brasil “Botequim” e “Bar”, estes termos vêm de origens diferentes, senão vejamos:
As denominações mais comuns e democráticas aqui no Brasil “Botequim” e “Bar”, estes termos vêm de origens diferentes, senão vejamos:
A origem remota da palavra botequim está no termo grego apothéké
(depósito); de difusão do saber, como as bibliotecas; um lugar onde se preparam
medicamentos para o corpo e a alma, como as Boticas em Portugal e Bodega na Espanha. Também muito utilizado o termo “Boteco” é
uma derivação regressiva de “botequim”.
O termo Bar
vem da palavra francesa "barre",
que significa barra em português. Isto por que em meados do século 18, na França, as
tabernas possuíam uma barra que tomava todo o comprimento do Balcão, ela servia
para evitar que os clientes se se encostassem ao mesmo. Nessa época, costumavam
chegar jovens americanos á França, para estudar, e muitos deles eram assíduos
frequentadores de tabernas. A história
conta que, após regressarem ao seu país, dois desses estudantes fundaram um estabelecimento
de venda de venda de bebidas que tinha uma inovação para os americanos, que era
justamente a ao longo do balcão, assim como na França, onde os estudantes
haviam observado as tabernas, e que era uma coisa com a qual os americanos não
estavam acostumados.
Assim, breve o estabelecimento se diferenciou
dos demais, e pouco a pouco, a palavra barre foi divulgada e espalhada, até
chegar ao termo "BAR".
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Cartola,
Ismael Dias e Mano Décio da Viola, num boteco qualquer!
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A maioria das crônicas do meu livro Confissões
de Bêbados se passa em um boteco, ou iniciou-se em algum, no lançamento deste
livro eu fiz uma homenagem a 48 deles que bebi por um bom período da minha vida,
claro que esqueci alguns. Mais certamente os melhores botecos que frequentei
foram aqueles cujos donos me fiavam, entre eles Ajalmo, Gomes, Barão, também os
bares onde transbordei de felicidade conquistando corações solitários e também
me apaixonando perdidamente como no Chicken House na Rua Miguel Couto e no Bar
Todo Dia, no terminal Menezes Cortes, ambos no centro do Rio.
Além do livro tenho projetos culturais concebidos
e serão executados dentro de botequins, como o “PORRE DE CULTURA” e a OLIMPÍADA
DE BOTEQUIM por exemplo.
Aliás, a cultura anda entrelaçada com bares, onde a inspiração aflora após umas e outras. Talentos acontecem da noite para o dia, várias músicas do repertório nacional foram compostas nos botecos, assim como poesias, peças teatrais, pinturas, filmes, entre outras criações artísticas, que engrandecem nossa cultura popular, o maior compositor de botequim é sem dúvida o grande menestrel da Vila, Noel Rosa.
Aliás, a cultura anda entrelaçada com bares, onde a inspiração aflora após umas e outras. Talentos acontecem da noite para o dia, várias músicas do repertório nacional foram compostas nos botecos, assim como poesias, peças teatrais, pinturas, filmes, entre outras criações artísticas, que engrandecem nossa cultura popular, o maior compositor de botequim é sem dúvida o grande menestrel da Vila, Noel Rosa.
As ações seguem noite adentro entre saraus e
rodas culturais, com música ao vivo, poesia, esquetes teatrais e circenses.
Aqui na cidade temos exemplos como Uma Noite na Taverna, Sarau da Sal e o
Diário de Poesia.
Bar é um local no meu entender que deveria ter uma placa “Utilidade
Pública”, tal sua necessidade para algumas pessoas, quem nunca precisou encher
a cara, esquecer algum problema, num local antagônico, você quer ficar sozinho
ou você quer conhecer alguém, desde fazer novas amizades ou mesmo paquerar, às
vezes basta apenas conversar, não há necessidade em gastar grana com analista,
fica bem mais na conta desabafar com seu garçom predileto ou mesmo o dono
daquele seu Pé Sujo preferido, bebendo umas e outras.
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Pixinguinha e sua trupe no Bar e Wiskeria
Gouveia – Centro do Rio – Seu Ponto habitual
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É um excelente lugar para você se reagrupar emocionalmente, sem
julgamentos, é o local mais democrático que existe. Todos se aceitam, se gostam
sem cobranças e preconceitos, claro que vez em quando aparece algum "mala
sem alça", aquele sujeito chato, que pede um copo da sua cerveja, uma dose
de cachaça e até um cigarro, mais até esse frequentador faz parte, da cultura
de botequim.
Os botequins, além de espaços eminentemente
gregários, de convívio democrático e partilhado entre camadas sociais
distintas, são ícones inalienáveis da cultura popular das cidades, patrimônio
imaterial dos municípios, representantes do imaginário afetivo e da memória
intangível das locais que ocupam. Boteco é o lugar onde várias emoções
contraditórias convivem.
Bar no falies Bergere
– Renoir
Um grupo de artistas
impressionistas se reunia nos cafés e bares de Paris para discutir ideias e
técnicas. Entre uns goles e outros, surgiram obras primas em todas as
manifestações artísticas.
Um dos locais preferidos de Vinícius e que gerou um dos encontros
mais importantes de sua trajetória. Foi no Villarino que o poeta conheceu Tom
Jobim e firmou sua primeira parceria, a trilha sonora de "Orfeu da
Conceição". Foi composta ali, entre uns drinques e outros acompanhados de
deliciosos petiscos.
Melhor ainda se você estiver naquele boteco preferido,
que você tem até cartão ponto, e quando chega é recebido como um verdadeiro
rei, com uma estupidamente gelada e quem gosta uma dose de cachaça pra abrir o
expediente, é pura alegria, abraços e afagos dos amigos, carinho que às vezes
você não encontra em outro lugar, todos se conhecem, se gostam, sentem falta, é
uma verdadeira família, um pouco torta na verdade mais é uma família, todos o
tratam com reverência e respeito, embora às vezes te zoem quando seu time perde
às vezes se discute por bobeira, mais logo esta tudo bem, como numa genuína
família brasileira, sabe, os que esses amigos são para sempre, estarão sempre
em nosso coração. Deus Ilumine sempre esses amigos, homens e mulheres de boa
vontade e salve, salve o Bar nosso de Cada Dia...
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Este artigo foi escrito em homenagem aos meus amigos de copo e dos donos de
bares de cada dia, que partiram para outro plano espiritual, deixando saudades imensas,
que a luz divina os acompanhe sempre!
Fontes:
Bares pé sujo
Papo de Bar
Autor:
Zeca Pinheiro é escritor, poeta, cachaceiro e filósofo de botequim, autor do
livro “Confissões de Bêbados”, administra o grupo São Gonçalo Memória Viva: https://www.facebook.com/groups/Saogoncalodasantigas/
e a página Redescobrindo São Gonçalo:
https://www.facebook.com/Redescobrindo-S%C3%A3o-Gon%C3%A7alo-136682933104250/
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