História
gonçalense
Luiz
Caçador e pescador
Jorge
Cesar Pereira Nunes
Filho
de Manoel Bento da Paixão e Emiliana Rosa do Amor Divino, Luiz Pereira da Silva
nasceu em Maricá, em 13 de fevereiro de 1880, mas se mudou para São Gonçalo
ainda na infância, acompanhando a família. Todos foram para o bairro de Itaúna
e ocuparam uma parte da fazenda ali existente, às margens do pântano que hoje
integra a Área de Proteção Ambiental de Gapimirim, criada em 1984 pelo governo
federal para proteger o alagado de cerca de 14 mil hectares, que abrange os
municípios de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo.
Era
já a década de 1950 quando Luiz teve uma experiência
religiosa: estava em meio a uma caçada de pássaros durante a qual vislumbrou um
grupo de crianças, as quais não apenas protegiam os animais silvestres como
promoviam a soltura dos cativos, e que lhe sugeriram criar um centro espírita.
Foi o que fez, em 1953, dando-lhe o nome de Cosme e Damião – que depois foi
chamado de Centro Espírita Nossa Senhora da Conceição –, de Umbanda, e passou
também a dedicar-se a uma prática popular na época: a benzedura. Casado com
Eliete Ferreira da Silva, com quem não gerou filhos, adotou duas crianças, José
e Maria, aos quais ele e a mulher se dedicaram amorosamente. Seu centro
espírita alcançou notoriedade e continua a existir, na Rua 31 de Março, lote
230, quadra 8, onde moram sua nora, os filhos dela e netos dele.
Embora
seu templo religioso crescesse, ali ele só “rezava” as pessoas e dirigia as
sessões, nos fins-de-semana, mas como não cobrava nada, precisava continuar
cuidando da sobrevivência. Por isso, voltou à pescaria e à busca de
caranguejos, abandonando de vez as caçadas, embora seu apelido continuasse a
ser utilizado. No princípio da década de 1970, os proprietários originais da
área a haviam reconquistado judicialmente, mas respeitaram o direito de posse
de Luiz e fizeram um loteamento, dando-lhe o nome de Jardim Progresso, o que de
pouco adiantou, porque a denominação do bairro de Luiz Caçador já estava fixada
na opinião pública e permanece até hoje.
Luiz
faleceu em 25 de maio de 1975, levando centenas de pessoas a seu sepultamento,
no dia imediato, no Cemitério de São Gonçalo. A viúva, dona Eliete, mudou para
o bairro de Marambaia e ali criou seu próprio “terreiro”, enquanto os descendentes
de Caçador continuaram a dirigir o Centro Espírita Nossa Senhora da Conceição,
já agora não apenas de Umbanda, mas também de Candomblé.
A criação de municípios no Estado do Rio de Janeiro;
Chefes de Executivo e Vice-Prefeitos de São Gonçalo;
Dirigentes Gonçalenses - Perfis;
Crônicas Históricas Gonçalenses I e II.
A
história é contada por sua nora e recebe alguns reparos da neta Angélica
Ferreira Bastos, para quem Luiz Caçador e sua família vieram de Maricá para
Neves, em São Gonçalo, onde ele foi mestre de obras e
casou, separando-se em seguida da primeira esposa. Só então mudou residência
para Itaúna, onde contraiu novas núpcias, com dona Aliete Ferreira da Silva,
que lhe deu uma filha, Maria do Carmo, casada com Altair dos Santos Bastos, pais
de Angélica, que não chegou a conhecer o avô, pois a avó e a mãe já estavam
residindo na localidade de Sacramento desde o falecimento dele. Dona Aliete ali
criou o Centro de Caridade Vovó Maria do Rosário, que funcionou até 2014,
quando, pela idade avançada, ela suspendeu os trabalhos, embora continue a
residir no mesmo local, com plena saúde, neste ano de 2016.
Jorge Cesar Pereira Nunes é Bacharel em Direito, Jornalista e Pesquisador da História de São Gonçalo.
É, também, autor das seguintes obras:A criação de municípios no Estado do Rio de Janeiro;
Chefes de Executivo e Vice-Prefeitos de São Gonçalo;
Dirigentes Gonçalenses - Perfis;
Crônicas Históricas Gonçalenses I e II.
Fontes:
Dona Maria José de Souza, a “Maria Caçador”, nora do biografado, em 20-05-2014.
Dona Angélica Ferreira Bastos, neta do biografado, em 06-04-2016.
Dona Angélica Ferreira Bastos, neta do biografado, em 06-04-2016.
Carteira de Identidade RG nº
240.623, de 11-12-1947, do Instituto Pereira Faustino.
Registro de óbito nº 9834, livro
nº 24, folha nº 280, do Cartório do Registro Civil do 2º Distrito de São
Gonçalo.
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