Podemos falar que esse aspecto da memória local como sendo pior de ser resgatada do que a questão material. Afinal de contas, os casarões ou outros tipos de residências, continuam na paisagem. Todos acabam as enxergando e vendo sua importância para a localidade, pela identificação com o lugar, muitas das vezes servindo como ponto de referência, mas quando pensamos em pessoas ilustres, muitas das vezes, elas são lembradas apenas em pesquisas acadêmicas e, em casos menores, trabalhos escolares. Em quase todas às vezes, nunca chegando ao grande público.
Poderíamos citar como exemplo alguns nomes que são importantes para o município de São Gonçalo. Belarmino Ricardo de Siqueira, o Barão de São Gonçalo. Grande proprietário de escravos, detentor de muitas terras dentro do município e fora dele, benemérito da Irmandade São Vicente, criador do Patronato de Menores, Maçom, Empresário e até hoje, pouco se sabe de sua história. Uma das poucas referências que forçam a lembrança de sua imagem é, primeiramente, a casa do Engenho Novo do Retiro, sua última moradia e, para uns poucos atentos o nome da linha de ônibus “Quinta Dom Ricardo” que passa próximo as suas terras.
Outros nomes importantes para a história do município são igualmente esquecidos ou, na melhor das opções, viram nome de rua. Zélio Fernandino de Moraes, o anunciador da Umbanda e que morou em Neves, teve sua casa demolida, ainda que sob forte pressão dos órgãos competentes pela manutenção da memória e história. Pouco se sabe de sua colaboração como vereador e dos seus trabalhos. Cônego Goulart, nome importante para a emancipação de São Gonçalo também tem poucos registros na região, mais um nome de rua. Capitão Miguel de Frias e Vasconcelos, que teve fazenda nas terras de do Engenho Novo, foi mais drástico, virou nome de rua sim, mas só em Niterói, nosso município nem mesmo teve a preocupação em manter sua memória.
Sobre o Autor:
Luciano Campos Tardock é colaborador do Blog Tafulhar e coordenador do Memória de São Gonçalo. Formado em História pela Universidade Salgado de Oliveira, Especialista em História Moderna pela UFF e Mestre em História do Brasil também pela Universidade Salgado de Oliveira.
A lista de nomes é longa, a grande verdade é que, o gonçalense pouco conhece da história do lugar onde vive. A ideia de se trabalhar a história do município nas escolas da rede (particular e municipal) não é recente, mas nunca foi implantada de maneira efetiva. Falta um direcionamento nesse sentido, desde professores que conheçam a história do lugar, até material para que essas aulas ocorram. Mas isso fica para uma outra conversa.
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