quinta-feira, 1 de maio de 2014

Vida em Mar de Rosa

  
      Eu sei que a vida não esta um mar de rosas para ninguém. Ninguém mesmo! Pode ser de diferentes classes sociais, todos nós temos um abacaxi para descascar, um sapo para engolir,  um pepino na mão e assim por diante. Sem contar com a violência que aparece quando assistimos os telejornais ou na primeira página dos jornais.

    Bom, eu posso te dar uma dica para transformar 4 horinhas da sua vida em um mar de rosas, ou como quiser, um mar de rosa.

    Em 1872 o comerciante português Bento Joaquim Alves Pereira quis provar o amor que sentia pela  sua esposa e a presenteou com um luxuoso palacete de construção neoclássica típico da arquitetura urbana burguesa de meados do século XIX. Um grande sobrado dividido em 8 quartos, 5 salões, cozinha, banheiros e 4 quartos de empregados. Seu revestimento é de azulejos, com telhas longas pintadas, beiral português, originárias da cidade do Porto, portas e janelas guarnecidas de granito-do-Reino, com coloridas bandeiras de vidro, gradil de ferro, 3 portões de ferro em meio de uma belíssima chácara  arborizada onde uma arvore com a sua beleza de flores na cor rosa e um fruto de paladar descritível apenas para os poetas que diriam: Um sabor leve e macio como de nuvens adocicadas.  Essa árvore assumiu o papel de protagonista e deu o nome ao conhecido palacete niteroiense.

Uma cena típica vista na lateral do Solar

    O Solar do Jambeiro com a sua arquitetura portuguesa têm na primavera uma das mais belas cenas digna de uma obra de arte de um renomado artista. As flores caem sobre o chão de terra do pátio adornando em rosa o lugar. Não seria exagero se falasse que a imagem é de um lindo palacete boiando sobre um mar cor-de-rosa.

Jambeiro centenário responsável por deixar tudo cor-de-rosa
    Por falar em artes, em mais uma daquelas coincidências que não encontramos explicações, o palacete serviu como residência do incrível pintor niteroiense Antônio Parreiras que o alugou durante maio de 1887 a março de 1888 e depois construiu residência própria ali bem pertinho do que talvez fora a maior fonte de inspiração para se transformar em um dos mais premiados artistas do inicio do século XX.     

    Em 13 de dezembro de 1892 o casarão foi adquirido por 50 contos de réis pelo diplomata dinamarquês Georg Crhistian Bartholdy que exerceu a função de cônsul do Brasil em Copenhagem entre os anos de 1912 e 1918. Foi a partir do novo proprietário que o solar também ficou conhecido como Palacete Bartholdy.

   Em função de longas ausências em missões diplomáticas o casarão também foi alugado por diversas vezes pelo novo proprietário. Em 1903 foi sede do Clube Internacional, uma agremiação recreativa e cultural que interagia a sociedade niteroiense com as  colônia estrangeiras. Também foi alugado para o Colégio Sagrada Família entre 1911 e 1915.  Foi ocupado também em 1918, pelo Coronel da Guarda Nacional Pedro de Souza Ribeiro e também fundador da fábrica de fósforos Vitória.

  Finalmente em 1920 o diplomata e sua esposa Celina Olga Bartholdy, ocupam a casa e realizam modificações arquitetônicas, como a instalação da luz elétrica, a subdivisão no 2º pavimento para aumentar o número de quartos e a construção de mais banheiros para acomodar a família. O casal ali residiu por 20 anos.

  Após a morte do casal a filha Vera Fabiana Barthold Gad comprou a parte dos seus três irmãos (Wanda, Sievert e Pedro) e residiu no solar até falecer em 16 de janeiro de 1975. Porem antes de morrer em 1971, Vera apoia a vontade da sua nora Lúcia Piza Figueira de Mello Falkenberg, esposa de seu único filho Hugo Einer Georg Egon Falkenberg, em solicitar ao IPHAN o tombamento do solar. E assim foi feito em 28 de março de 1974, um ano antes da morte de Vera. 

  Houve uma tentativa frustrada de leilão do casarão em 1988, pois não foi alcançado o valor pretendido pela família e foram vendidos então 174 lotes de objetos pertencentes ao solar.

   O proprietário do solar Hugo Einer falece em 1993 e 4 anos depois, 1997, sua esposa Lucia Piza também vem a falecer.  E em 12 de agosto do mesmo ano o Solar é desapropriado pela Prefeitura de Niterói para resguardar a sua integridade física e restaurar seus aspectos históricos e arquitetônicos.
   
  Após a sua restauração em 2001 o Solar do Jambeiro é administrado pela Fundação de Artes de Niterói (FAN) e tem abrigado exposições, recitais, apresentações teatrais, conferencias, seminários, cursos e eventos literários.

  É com muito orgulho o projeto Recicla Leitores foi convidado pela administração do Solar do Jambeiro e a Fundação de Artes de Niterói para que no dia 10 de maio, de 13 as 17 horas, façamos um grande evento lítero-cultural. O Evento é administrado juntamente com os escritores gonçalenses Leo Vieira e Gil Milagres e contará com a presença de 12 escritores (Leo Vieria, Gil Milagres, Luciene Prado, Carolina Estrella, Edris Vasconcellos, Janaína Rico, Roxane Norris, Thayane Gaspar, Juareis Mendes, Rodrigo Santos, Mia Malafaia e Isabel Tubino), 4 artistas plásticos (Wemerson Freitas –  Peu, Lu Pereira, Márcia Leão e Lya Alves) exibindo suas obras, 2 contadores de histórias (Tia Dulce e Juareis Mendes), 2 oficineiros (Alexandre D’Assumpção e Luciene Prado) que farão atividades com crianças e adolescentes; tudo isso regado a muita música gostosa do Coral Harmonicanto Cantagalo e o músico Jefferson Volve.

  Então você já sabe, no dia 10 de maio jogue bem longe de seu alcance o pepino que segura na mão, guarde o abacaxi na geladeira para descascar depois, cuspa esse sapo e venha para sombra do jambeiro viver com a gente esse momento MAR DE ROSA, mesmo que por 4 horas na sua vida.


Texto: Alex Wölbert  


Referência: Dados fornecidos pela administração do Solar do Jambeiro.

Um comentário:

  1. Muito legal esse texto e parabenizo pelo evento. Vou marcar presença!


    Um grande abraço!

    Testahy
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