segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Comunicar educando, educar comunicando

    


(Frederico Carvalho)

Comecei a minha vida como professor, antes até de poder receber uma autorização precária que havia antigamente.

Pela educação que recebi, mesmo com dezesseis anos, preocupava-me com a formação de meus alunos, apesar da maioria ser bem mais velha que eu. Sim, eu lecionava ou para muito mais velhos ou para muito mais jovens.

No início, ainda havia um certo respeito aos professores. Mesmo assim, não foi fácil aprender a lidar com o dia a dia de uma classe. A gente vai com uma ideia e descobre que não há fórmulas secretas ou cabais. Lidando com pessoas, o mais coerente seria o processo de adaptação, que eu vivenciei a duras penas, errando muito, falhando em acreditar ser o emissário da verdade e ouvindo menos do que devia. As faculdades só me acrescentaram conhecimento teórico e, pouco do que me foi ensinado, foi realmente decisivo. Fui forjado em ação na sala de aula e a sua volta, tendo exercido praticamente todas as funções em uma escola, principalmente em direção e coordenação.

Só que a inquietude me dominava. À medida que ficava menos em classe, mais verificava que alguns colegas confundiam a ebulição da adolescência com indisciplina e com uma nova ordem social em que o professor não “manda” na sala de aula. Observava que lideranças não eram vocacionadas, mas obedientes a outras que vinham de fora, com o único objetivo de desconstruir a escola existente, que apesar de não ser a ideal, permitia que as pessoas ainda tivessem um mínimo de base intelectual para desenvolverem os seus pensamentos. A liderança passou a ser, aparentemente democrática, mas isso não abriu portas para pensadores, e sim, para propagadores exclusivos do outro lado de moeda, como se a mesma não tivesse dois.

Percebi que a mídia passou a ser muito mais interessante que a escola. E minha inquietação fez com que eu cruzasse uma ponte entre a escola e a mídia, dizer as mesmas coisas que dizia quando estava em classe, me utilizando de outro veículo. Assim surgiu, no rádio, o programa Ponto de Vista.


A TV Ponto de Vista, com seus módulos Rádio e TV foram uma consequência. O Blog também. Não nasceram para agradar ninguém, mas para aplacar àquela inquietação de educador, por trás do comunicador. E tem funcionado. A partir daquele programa, que nasceu na década de 1980, pude executar uma das minhas maiores vocações. A de “comunicar educando e educar comunicando”.
 

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