quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Os sete erros do governo Dilma


Texto de Evanildo Barreto

 

Tropeços na política econômica


      Em setembro de 2013, a Presidente Dilma Rousseff se reuniu com investidores internacionais, em Nova York, para tentar atrair investimentos para a área de infraestrutura. Em seu discurso, fez questão de dizer e afirmar que não existia risco jurídico no Brasil: "Se existe um País no mundo que respeita contratos, esse País é o Brasil", exclamou. Só o fato de ela ter que vir a público fazer a afirmativa já não era um bom sinal. A situação é que o setor privado está com um pé atrás , em relação ao governo, já faz muito tempo. A atuação do Ministro da fazenda, Guido Mantega, também não ajuda no restabelecimento dessa confiança. "Mantega não tem primado pela boa conduta de confiabilidade, a maquiagem nos gastos, a chamada "contabilidade criativa", para alcançar o superávit primário é um bom exemplo disso. "Qualquer investidor pensa duas vezes, antes de investir no Brasil", disse Roberto Romano, professor de filosofia da Unicamp.
 
 
 

Reações equivocadas aos protestos                                                    

                                                                                                           
    As manifestações e protestos que tomaram as ruas do País, em junho, foram das maiores provas enfrentadas pela Presidente Dilma, desde que assumiu o governo. As soluções apresentadas por ela foram os famosos cinco pactos, entre eles um plebiscito    para   uma reforma política. A sugestão foi    bombardeada pelo STF, juristas, OAB e parlamentares, mas Dilma a manteve como uma questão de honra para recuperar a popularidade, que despencou de 57% para 30%, logo após as manifestações. Penso que Dilma errou ao tentar se aproveitar das manifestações. Ela foi mundo apressada, na tentativa de estabelecer esse diálogo.                                                                                                  
 
                                                                                                                              

A primeira a colocar a cabeça de fora

     O ano de 2013 ficou marcado para o País, como aquele em que a "Dilma candidata" surgiu verdadeiramente.
     Ela, que nos dois anos anteriores era conhecida por ser menos afeita à politicagem do que o seu mentor e antecessor, nesse ano passou a se aproximar novamente de sindicalistas e a fazer cara feia para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem, antes, mantinha um cordial relacionamento. Dilma também apareceu mais, dando especial atenção à inauguração de obras.

 

Irresponsabilidades com o pré-sal


     O fantasioso leilão do Campo de Libra, maior reserva de pré-sal do Brasil, teve resultados longe dos propagados pelo governo federal, que chegou a falar na participação de mais de 40 empresas do setor petrolífero.
     O leilão tão esperado teve apenas um consórcio participante, que, mesmo assim, ofereceu o mínimo possível de 41,65% em óleo excedente para a União e confirmou o medo de que o modelo de partilha desenhado pelo governo não seria atraente para as gigantes petrolíferas. Dias antes, BP, Exxon Mobil e outras grandes multinacionais do setor já haviam anunciado o desinteresse pelo leilão.
      O temor de que só empresas chinesas se interessassem, na verdade, não se concretizou, e a presença da gigante Shell, entre as 5 maiores empresas de petróleo do mundo, proporcionou confiança ao grupo interessado em explorar o filé mignon do petróleo brasileiro.
       

Petrobras, a cozinha do governo


     Utilizar a Petrobras para conter a inflação, com a retenção do aumento da gasolina, e aparelhar a estatal petrolífera com toda a sorte de sindicalistas levou a empresa à maior queda no valor de suas ações em quatro anos. Aproximadamente 40%, segundo a Bovespa. De acordo com o balanço de 2012, a Petrobras hoje vale US$ 214 bilhões. Deve US$ 224 bilhões. As dívidas só aumentam. A empresa tem prejuízos na comercialização de gasolina. Importa por preço maior que vende no mercado interno. O prometido ganho com o pré-sal proporciona ranhuras seríssimas em sua imagem. Libra privatizada mostra a realidade.
      A Petrobras apresentou US$ 23 bilhões de lucro em 2013, resultado sabidamente maquiado. Desconsideraram desvalorização do real e lançaram como lucro créditos provenientes de novos empréstimos bancários. Segundo declaração da própria Presidente da República, a Petrobras sofreu prejuízo bilionário, em transação desastrosa de compra de empresa norte-americana, com aprovação da própria Dilma. De forma amadora, irresponsável e demonstrando despreparo para gerir grandes transações, a então Ministra da Casa Civil e Presidente do Conselho de Administração da empresa deu parecer favorável, sem conhecer todas as cláusulas do contrato.
(imagem, www.galfarsoro.com)




É só aguardar o apagão


     Parque Eólico (BA-RN) apontado como grande feito do programa "Luz para Todos", que levaria energia elétrica para três milhões de brasileiros, converteu-se em propaganda enganosa. Não há linha de transmissão nas torres. Nunca foi transmitido um único watt e o governo já pagou R$ 286 milhões a distribuidoras por energia não recebida. Acredita-se que o governo brasileiro seria o único no mundo capaz de transmitir energia por osmose.
     Ainda no campo da política de energia elétrica, a atitude mais relevante do Ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, foi a sua afirmação: "Temos que achar que o melhor vai acontecer, e não o pior".
      A situação da geração de energia elétrica no Brasil é tão preocupante que chegou ao ponto de ser tema de matéria na revista britânica "The Economist", edição de fevereiro desse ano. A reportagem fez uma crítica, ao afirmar que "rezar para São Pedro não é bem uma política energética", e aponta para uma iminente crise de energia elétrica no Brasil.


A mãe do PAC abandonou o seu filho

O número apresentado de 2 milhões de novas casas populares, através do programa "Minha Casa, Minha Vida", não aconteceu. Estão contabilizando prédios ainda em construção, obras paradas, invadidas ou com falhas estruturais, à espera de reformas. As obras realmente concluídas não chegam a 50% dos números apresentados.

(texto original publicado no jornal "Folha da Cidade")      


                               
(Sobre o autor: Evanildo Barreto é Presidente da ACESG, Associação Comercial e Empresarial de São Gonçalo).                                                                   

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